domingo, 17 de abril de 2011

Um erro pessoal e eleitoral

Fiquei deveras surpreendido, mas especialmente muito preocupado, quando hoje tive conhecimento pela Comunicação Social de que José Alberto Fateixa iria integrar a lista de deputados do PS pelo distrito de Évora às eleições de 5 de Junho.
Tenho para mim que sou um amigo do José Alberto Fateixa. Não daquele tipo de amigos que tanto são capazes de dar palmadinhas nas costas e lisonjear até à veneração quando se está na mó de cima, como são capazes de dar “murros na cara” e achincalhar quando se está na mó de baixo. O meu tipo de amizade baseia-se na sinceridade e na frontalidade e, no que a José Fateixa diz respeito sempre tive a mesma postura: apoiei-o nas decisões que julguei positivas como o critiquei nas decisões que entendi serem negativas, quer por minha iniciativa própria quer quando amiudadas vezes me pediu a opinião sobre esta ou aquela acção, sobre este ou aquele discurso, pelo menos até à altura em que ainda tinha ouvidos para quem não lhe dizia apenas que sim. Mas nunca mandei recados por outrem e isso José Alberto Fateixa sabe-o bem, quer durante o seu mandato como Presidente da Câmara quer quando assumiu a responsabilidade das listas do PS, do Programa Eleitoral e da Campanha e que se traduziu pela derrota eleitoral nas autárquicas de 2009.

Dito isto, pergunto:

Será que a Federação Distrital do PS tem consciência do erro eleitoral que é colocar numa posição tão visível da lista um autarca que ainda há menos de um ano e meio perdeu as eleições para um outro autarca muito longe de ter um passado político que o justificasse? Será que a Federação Distrital do PS tem consciência dos danos que esta indicação irá provocar ainda mais na estrutura concelhia do partido e no cavar ainda mais das divisões que há muito nela existem e que se agravaram com todo o processo eleitoral de 2009, com consequências na mobilização e na acção conjunta dos militantes locais neste período difícil para o PS e para o País? Será que a Federação Distrital do PS, querendo fazer reflectir uma equidade regional nas listas do Distrito, não teria tido possibilidades de encontrar um outro candidato na zona que mesmo que não acrescentasse muito eleitoralmente pelo menos não levantaria uma polémica que inevitavelmente terá repercussões negativas nos resultados eleitorais locais?
Teria sido muito mais prudente fazê-lo.

Será que José Alberto Fateixa não deveria ter tido a humildade política e pessoal de não aceitar tal indicação neste momento, sabendo que corre o risco de ser responsabilizado por dois desaires eleitorais seguidos?
Teria sido muito mais prudente fazê-lo.

A polémica instalada no PSD com a indicação pela Comissão Nacional do nome de Pedro Lynce para cabeça de lista por Évora em detrimento do candidato defendido pela Distrital social-democrata é de facto mais um elemento que justifica a pretensão manifestada pelo Presidente da Federação Distrital do PS em voltar a eleger 2 deputados pelo Distrito, mas a batalha será muito renhida e um punhado de votos perdidos pode fazer a diferença.
As listas definitivas do PS só serão aprovadas na próxima 4ª. feira em sede da Comissão Política Nacional pelo que a Federação Distrital ainda está a tempo de arrepiar caminho, mas muito especialmente, José Alberto Fateixa ainda está a tempo de decidir se quer contribuir para a unidade do Partido em Estremoz e para um bom resultado eleitoral nesta zona ou se prefere fazer prevalecer a sua estratégia e projecto pessoais.

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